Livro sobre nada
Parece que a narrativa de Manoel de Barros tem de começar do avesso. É como se a ideia principal fosse o contrário do que estamos acostumados. Na verdade, não as ideias em si. Essas são nossas, se somos honestos e profundos. Mas o que se opõe é a forma como costumamos pensar as palavras. Para ele, elas são brinquedos com os quais saímos do costumeiro. Sabe quando copinho de iogurte de repente vira bola e caixa de pasta de dente vira carrinho na pista de corrida? Pois é! Se não está me entendendo, você precisa desinventar. Olhar com outros olhos, como a criança faz. Dê aos meninos e meninas a chance de estarem diante de um graveto ou pedra e verão no que esses elementos serão transformados. Assim devemos ler Manoel de Barros, para quem “Nos fundos do quintal era muito riquíssimo o dessaber”.
Curadoria de Viviane Belga (@clickleitura)