Por que vale a pena viver?

Panfleto preparado pelos colegiais de CL de Belo Horizonte após o acidente do rompimento da barragem que inundou de lama Bento Rodrigues, em Minas, e os atentados terroristas em Paris

Por que tanta ganância no coração do homem? Por que Deus deixa estas coisas acontecerem? Como as pessoas podem ser tão individualistas? Como conseguem chegar a este ponto? O que será depois destas tragédias? O que virá? O que posso fazer para ajudar em meio a tanta incompreensão e descaso com a vida? Nossa! São tantas perguntas...

Presenciamos nas últimas semanas vários acontecimentos que marcaram muito a vida das pessoas: o rompimento da barragem em Bento Rodrigues, em Mariana-MG, os atentados terroristas em Paris e Mali, e os massacres de pessoas nas guerras civis no Oriente Médio.

Será que somos tão diferentes dos gananciosos empresários que, visando o lucro, deixam de observar o quantitativo de funcionários necessários para fazer a manutenção de uma barragem... ou quantas vezes nos pegamos dizendo: “Ah, esse vagabundo deve morrer!” Poderíamos, como alguns extremistas fazem, trocar esta última frase por “Ah, esses cristãos devem morrer!”

Vivemos uma experiência na escola, não tão extremista, mas semelhante a essas desumanidades: os estudantes e professores que não se respeitam; o tão falado bullying; os professores que não ouvem os alunos; a falta de um olhar mais paciente e caridoso entre as pessoas; e a falta de esperança e de diálogo...

Mas por que vale a pena viver? A vida vale um infinito... Como escreve Adélia Prado: “o pensamento da morte não se acostuma comigo / [...] e no entanto é tudo tão pequeno / para o desejo do meu coração / o mar é uma gota.” “É uma provocação que nenhum de nós pode evitar. Procurar uma resposta adequada à pergunta sobre o significado da nossa vida é o único antídoto para o medo que nos assalta ao olharmos para a televisão nestas horas, é o fundamento que nenhum terror pode destruir” (Carrón, 2015).

“Peçamos ao Senhor para conseguirmos enfrentar este terrível desafio com os mesmos sentimentos de Cristo, que não se deixou vencer pelo medo: 'Sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se Àquele que julga justamente'”; (1 Pedro 2,23); (Pe. Carrón, 2015). Ou como um amigo que, ao ler a carta de um jornalista francês condoído pela morte da esposa, tendo um filho pequeno, disse: “Eu não vou deixar que vocês roubem minha humanidade”.

Com esta Presença no olhar, poderemos encarar até a morte, a começar pela morte daqueles que perderam a vida em Mariana-MG e Paris, oferecer aos nossos amigos uma hipótese de significado para encararem estes massacres e, a cada um de nós, dar uma razão para voltar à escola nas semanas seguintes, continuando a construir um mundo à altura da nossa humanidade, com a certeza da esperança que existe em nós.

Colegiais de Belo Horizonte/MG
Movimento Comunhão e Libertação