O anúncio de um encontro

O convite para uma entrevista no canal de televisão da Arquidiocese. O temor inicial foi vencido e a pequena comunidade de Belém compartilha as maravilhas do que aconteceu a partir do “sim” que deram
Adriana Remédio

No dia 19 de novembro formos surpreendidos com um convite para participarmos da gravação do programa de televisão Janela Aberta, do Canal de Comunicação TV Nazaré. Seriam 50 minutos, então era algo a acrescentar nas tantas coisas que já estávamos fazendo na correria do dia a dia. Assim, surgiu em nós a pergunta: «Será que estamos preparados para dar esta entrevista e falar do Movimento?» A resposta talvez fosse “não”. Entretanto, não é nada óbvio termos sido escolhidos, com tantos movimentos de maior proporção entre grupos e pastoras presentes na Arquidiocese, pois somos uma minoria que compõe o movimento Comunhão e Libertação aqui em Belém.

No entanto, não poderíamos deixar de atender a essa provocação de mergulharmos no início do que foi para cada um de nós o encontro com o Movimento, e falar do que tocou o nosso coração ao encontrar com Cristo através do Carisma de Dom Giussani.

Fomos eu e a Lidiane, professoras do ensino infantil e fundamental, Márcio, do ensino médio e superior, e Karla, que trabalha na área jurídica analisando processos da vara criminal. Tudo o que fazemos é viver a realidade que nos foi dada pelo Senhor. Do que mais poderíamos falar? Fomos, então, para falar do que nos é mais caro na vida.

Simplesmente demos o nosso “sim” e nos deixamos surpreender pelo que o Senhor nos permitiu viver estando ali diante do apresentador, falando de nossa experiência, mostrando nossos livros e a Revista Passos. Foi tudo muito bom e ao final ainda conversamos bastante, e aquele homem que permaneceu o tempo todo calado, o assistente de câmera, veio nos perguntar onde poderia comprar o livro O senso religioso.



Fiquei impressionada com a profundidade das coisas simples que temos vivido, para além das circunstâncias que cada um tem enfrentado. Com este chamado à entrevista, o Senhor quis nos recolocar diante do essencial, quis que fixássemos nosso olhar n’Ele.

Uma amiga do grupo de Educadores de CL disse: «Onde será que o Senhor quer chegar com isso tudo?» Essa pergunta fez meu coração compreender que a única coisa que fizemos foi falar da ação de Cristo em nossas vidas e de como Ele mudou nosso modo de ver e viver tudo, no aqui e agora. No coração ficou a consciência da preferência incondicional do Senhor por nosso Destino e a certeza de que fomos feitos para Ele, para anunciar a verdade de Deus vivo e encarnado na simplicidade de cada rosto que dá o seu sim e se rende a Ele. Essa experiência também nos ajudou a olhar com mais afeição e carinho para a companhia que Ele nos deu e reconhecer nela o Cristo amoroso, piedoso, compassivo, amigo e companheiro.

Naquela tarde, ao encontrarmos o Padre Odorico para a Escola de Comunidade, fiquei emocionada quando dissemos que queríamos que ele tivesse ido conosco dar a entrevista e sua resposta foi que tínhamos que ser nós, leigos, falando de Cristo na atualidade, pois «se fosse um padre não teria tanta importância, parece muito óbvio um sacerdote falando de fé». Sei da importância imensurável do padre para nós, entretanto entendi sua mensagem como quem diz: «Agora é com vocês, falem do amor de Jesus, anunciem a verdade que vos alcançou».

E, de fato, foi fantástica e natural a gravação, fizemos a tradução de Cristo experimentável no jeito que se vive hoje, no aqui e agora, real e presente em nosso agir humano com sua presença excepcional, que dá sentido profundo e inexplicável ao nosso viver as circunstâncias cotidianas.