Pe. Luigi Valentini

Pe. Gigio, sinal da fidelidade de Deus

A mensagem de Julián Carrón por ocasião da morte de Pe. Luigi Valentini, missionário no Brasil desde a década de 70. «É a gratidão o que enche o coração perante as maravilhas que o Pai opera na vida de quem cede à atração de Cristo»
Julián Carrón

Faleceu no dia 4 de março padre Luigi Valentini (Gigio), sacerdote de Porto San Giorgio (Fermo, Itália), aos 84 anos. Nos anos 60 conheceu Dom Giussani e o Movimento, e desde 1970 foi missionário no Brasil, primeiro trabalhando numa paróquia da periferia de São Paulo e depois como capelão universitário. O encontro com a realidade das favelas mudou a sua vida. A intuição que teve foi criar centros diurnos para acolher as crianças, deixadas sozinhas pelos pais durante a jornada de trabalho. Sua obra, além de São Paulo, estendeu-se até Belo Horizonte, Salvador e Samambaia. A prefeitura de São Paulo lhe outorgou a cidadania honorária, reconhecendo o valor educativo da sua obra.
Julián Carrón quis escrever esta mensagem aos seus amigos na Itália e no Brasil.


Caríssimos amigos,
a longa história de padre Luigi Valentini dentro da grande companhia do Movimento, na região das Marcas e no Brasil, é o sinal da sua fidelidade a Deus no encontro com Dom Giussani, que lhe revolucionou a vida. E é sobretudo o sinal da fidelidade de Deus a ele; ouvi-o dizer isso nos Exercícios dos Sacerdotes de 2008, quando interveio para falar da «maravilha que se tem despertado em mim neste último período pelo tamanho da fidelidade do Senhor; é fiel até quando O esquecemos. Conheci o Movimento em 1965. Em 1967, vivendo a vida do Movimento, de maneira misteriosa – ainda não sei a explicação – me peguei indo fazer uma viagem para o Brasil». Algum tempo depois voltou para lá como missionário e lá ficou por muitos anos, dando vida a muitas obras educativas e sustentando-as.

Voltando a Porto San Giorgio, no verão de 2008 recebeu a visita de Cleuza e Marcos Zerbini – os nossos grandes amigos de São Paulo –, que durante um encontro com a comunidade disseram: «Vocês não sabem o tesouro que têm pelo fato de terem encontrado o Movimento». Pe. Luigi lembrava que no dia seguinte, repensando naquele encontro, disse a si mesmo: «Veja só como Deus é fiel!»

Pe. Gigio com algumas crianças na Creche João Paulo II, em Salvador

Portanto, nesta hora – embora marcada pela dor da separação – é a gratidão o que enche o coração perante as maravilhas que o Pai opera na vida de quem cede à atração de Cristo. Creio que também valham para Pe. Luigi as palavras de Dom Giussani na praça São Pedro, em 30 de maio de 1998: «Assim também para mim a graça de Jesus, na medida em que pude aderir ao encontro com Ele e comunicá-Lo aos irmãos na Igreja de Deus, tornou-se a experiência de uma fé que na Santa Igreja, ou seja, no povo cristão, revelou-se um chamado e um desejo de alimentar um novo Israel de Deus. [...] O que poderia parecer, no máximo, uma experiência individual transformava-se num protagonismo na história, instrumento, portanto, da missão do único Povo de Deus».

É a esta missão que somos chamados – cada um pessoalmente e todos nós juntos –. Peçamos a simplicidade do nosso amigo, que chegou à meta do seu caminho, para nos admirarmos constantemente diante dos sinais da fidelidade de Deus na nossa vida, de modo que a presença d’Ele no mundo brilhe sobre os nossos rostos.