Na política, o protagonista é o homem

O texto completo do diálogo com Giorgio Vittadini na apresentação de O eu, o poder, as obras, de Luigi Giussani, no Fórum da CdO Brasil, em outubro 2021. Baixe o PDF e leia a introdução de Marco Montrasi
Marco Montrasi

Estamos vivendo um momento particular da nossa vida e da nossa história, que é dramático e desafiador.

Mas todo momento que tem um tom particular, que solicita mais a nossa consciência, é um momento favorável.

Por isso queria sugerir que aproveitemos este tempo para verificar o que o Senhor está propondo a nós. Eu me dei conta de que não é óbvio estar nessa posição de escuta, atentos e abertos. Também para mudar, mudar de direção. Para nos convertermos.

Todos sabem bem como é difícil falar de política hoje entre nós. Ou se está em batalha ou se evita argumentar para não brigar ou comprometer relacionamentos.

Pode-se abrir uma nova estrada?

Será que este tempo que se abre, no qual teremos que inevitavelmente enfrentar de novo questionamentos e posições diferentes das nossas, pode ser uma ocasião para nós?

Podemos ter essa posição de escuta? O que precisamos aprender neste tempo para podermos conviver e construir uma forma bonita e humana de estarmos juntos?

Tem algo novo aí?

Deixo essas perguntas abertas e proponho o texto do encontro que a Companhia das Obras do Brasil realizou no ano passado com o Prof. Giorgio Vittadini.

Acho que, lendo pessoalmente e juntos este texto, poderemos encontrar faíscas de uma novidade que pode incendiar nossos diálogos por um desejo novo: de vida, de construção, de amizade.

Podem-se encontrar aí ocasiões de diálogo entre nós para o qual podemos convidar também amigos e colegas. Como afirmou Vittadini neste encontro: “É necessária alguma outra coisa, é necessário aquilo que o magistério papal chama de multilateralismo: o encontro, o diálogo, a diplomacia. (...) [Giussani] havia prefigurado há trinta anos a crise, pondo no centro da questão que, se não se conecta o eu – o desejo do homem, seu desejo de bem – com a ação social e política, de um modo ou de outro, com a esquerda ou a direita, não é possível construir o bem comum”.

Não limitemos as nossas discussões à necessidade de escolha de um ou outro candidato político. Não reduzamos logo tudo a isso. Deverá ser dado o tempo necessário a esse aprofundamento, mas abramo-nos a outra perspectiva.

Uma perspectiva na qual o nosso eu seja protagonista, e o nosso “nós” seja mais consciente. O eu e o “nós” são os protagonistas da política. Que é pelo homem, não o contrário.

*Marco Montrasi é o responsável pelo Movimento Comunhão e Libertação no Brasil