JMJ. A mensagem de Prosperi
As palavras do presidente da Fraternidade aos jovens do ensino médio e aos universitários, em peregrinação a Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude e o encontro com o Papa FranciscoCaros amigos,
decerto é uma gratidão profunda e comovida pelo testemunho que vocês são para mim e para todo o Movimento o que me leva a enviar-lhes esta mensagem em nome de toda a nossa grande companhia. O “sim” de vocês a este gesto tão significativo é para todos nós um exemplo luminoso de uma simplicidade de coração e de uma liberdade pura que é o prelúdio do “sim” maior ao chamado de Cristo que nos é pedido em cada instante da vida.
Na mensagem dirigida aos participantes da JMJ, o Papa Francisco esclareceu bem o conteúdo desta proposta, e deixem-me dizer que, para a minha experiência, se trata do segredo mais decisivo da vida: «A minha mensagem para vós jovens, a grande mensagem de que é portadora a Igreja é Jesus! Sim, Ele mesmo, o seu amor infinito por cada um de nós, a sua salvação e a vida nova que nos deu. E Maria é o modelo de como acolher este imenso dom na nossa vida e comunicá-lo aos outros, fazendo-nos por nossa vez portadores de Cristo, portadores do seu amor compassivo, do seu serviço generoso, à humanidade sofredora».
Olhando para vocês, que se estão preparando para este caminho juntos, com o olhar fixo no “sim” de Nossa Senhora a fim de aprenderem com ela, nós adultos também descobrimos que a vida é uma tarefa. Somos escolhidos por Cristo, e somos escolhidos para uma tarefa: contribuir para fazer com que Ele seja reconhecido por todos: «Cristo tudo em todos», como anuncia a carta de São Paulo aos Colossenses. O “sim” de vocês hoje é o primeiro reconhecimento de que Deus nos chamou e de que ser chamado coincide com ser enviado. Assim, cada instante do dia torna-se o início da missão: ao obedecerem ao desígnio de Jesus e ao permanecerem na grande companhia da Igreja, é possível começar a fazer experiência, nos âmbitos do dia a dia (família, amigos, escola, trabalho, etc.) e também onde quer que os levem as grandes decisões que os aguardam, daquele «cêntuplo nesta vida» que Ele mesmo nos prometeu. E vocês hão de se descobrir desejosos de testemunhá-Lo a todos. De fato, desejo que se descubram disponíveis a viver não apenas para si mesmos, mas para coisas grandes, oferecendo cada respiro seu como resposta ao chamado d’Ele.
O mundo precisa disso, hoje mais do que nunca. De fato, Dom Giussani disse: «Reconhecer a própria vocação, ordenar a vida seguindo o seu chamado, conceber a existência como um serviço ao todo: eis o empenho vital do próprio ser ao qual lucidamente obriga o Espírito de Cristo, dando a força para começar e para ser fiel. A concepção moderna da vida nunca se mostra tão distante do Espírito de Cristo como neste ponto. O critério com o qual a mentalidade de hoje habitua a olhar o futuro tem como centro o proveito, o gosto ou a facilidade do indivíduo. O caminho a escolher, a pessoa a amar, a profissão a desempenhar, a faculdade em que se matricular, tudo é determinado de modo a erigir como critério absoluto a utilidade particular do indivíduo. […] Estão totalmente ausentes a devoção ao todo e a preocupação com o Reino, e a realidade de Cristo é exilada. “O que o todo poderá me dar? Como obter o maior proveito possível do todo?”: estes são os critérios imanentes à sabedoria mais difundida e ao bom senso mais reconhecido. A mentalidade cristã, ao contrário, derruba essas perguntas, as contradiz e as mortifica e agiganta o imperativo exatamente oposto: “Como eu poderei doar-me, com aquilo que sou, servir mais ao todo, ao Reino, a Cristo?” Este é o único critério educativo da personalidade humana redimida pela luz e pela força do Espírito de Cristo. A primeira juventude é o único tempo em que se podem desenvolver, fácil e seguramente, a sinceridade lúcida e compreensiva e a magnanimidade tenaz exigidas pela concepção cristã da própria existência» (O caminho para a verdade é uma experiência, São Paulo: Cia. Ilimitada, 2006, pp. 144-145).
Deem crédito a essas palavras de Dom Giussani, sigam o Papa, sigam o padre Francesco e a companhia que tomou vocês, para que todos os passos sejam seguros, e assim vocês construirão a Sua Igreja. Garanto que, assim, a alegria que vocês vão sentir nos próximos dias quando levarem suas perguntas à Mãe de Jesus ao lado de tantos jovens como vocês, provenientes do mundo todo, a alegria que se sente quando a própria sede de felicidade e de bem encontra uma correspondência inesperada e imerecida, será uma possibilidade sempre oferecida à vida de vocês. Isto também vocês poderão pedir Àquela que carregou em seu ventre a luz da vida: que o doce olhar da Virgem seja para vocês, também nos momentos mais duros ou dolorosos, também nos momentos de tristeza e de escuridão, a lâmpada sempre acesa que nenhuma treva jamais poderá encobrir totalmente. A esperança baseada na alegria da amizade com Jesus, vivida na história, é o maior tesouro que vocês sempre levarão consigo: «Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi e vos designei, para irdes e produzirdes fruto, e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos dará» (Jo 15,15-16). Não estamos sozinhos. Cristo nos reuniu, dando-nos esta amizade definitiva.
Confio às suas orações à Mãe de Jesus a conversão de todos nós.
Com afeto,
Davide Prosperi