Dom Giambattista Diquattro celebrando a missa em Brasília no dia 9 de maio de 2024

A mais profunda essência humana

A homilia de Dom Giambattista Diquattro, núncio apostólico no Brasil, na missa de ação de graças em Brasília pelo início da fase testemunhal da causa de beatificação do padre Luigi Giussani. 9 de maio de 2024
Dom Giambattista Diquattro

Hoje, quinta-feira, 9 de maio, na Basílica de Santo Ambrósio, o Arcebispo de Milão, Dom Mario Delpini, realizou a primeira sessão pública da Fase Testemunhal para a causa de beatificação e canonização do Servo de Deus Dom Luigi Giussani. Em fevereiro de 2012, a Fraternidade de Comunhão e Libertação (fundada por Giussani) pediu o início do Processo (ou Inquérito Diocesano) para a beatificação e canonização. O cardeal Angelo Scola, então arcebispo de Milão, atendeu ao pedido e deu início à primeira fase do Processo, a chamada Fase Documental. Tendo chegado a um estágio avançado, Dom Delpini decidiu iniciar a Fase de Testemunho.

A escolha da data e do local para a realização da primeira sessão pública foi feita por motivos relacionados à figura de Dom Giussani: a Solenidade da Ascensão, que hoje é celebrada em Milão, era particularmente querida para ele, e a Basílica de Santo Ambrósio parecia a mais adequada para expressar o vínculo de um sacerdote milanês ambrosiano com o seu “maior patrono”. Por fim, a proximidade da Basílica com a Universidade Católica do Sagrado Coração pretende recordar o lugar onde o Servo de Deus formou gerações de jovens por muitos anos, comunicando a eles seu amor apaixonado pela Igreja.

Também aqui, em Brasília, amigos de Comunhão e Libertação, nos reunimos para agradecer ao Senhor por ter nos dado o dom do testemunho sacerdotal e do ensinamento cristão de Dom Luigi Giussani sobre o caminho da vida cristã.

É tarde da noite de quinta-feira e Jesus diz: «Por um pouco de tempo…» Os discípulos o veem em agonia, veem-no amarrado, conduzido por Anás e Caifás, veem-no julgado, cuspido, condenado, morto, assassinado.

Esse pouco de tempo parece o fracasso de tudo, mas é o cumprimento de sua missão: Deus dá sua vida pelo homem; e o homem vale a vida de Deus. É o dia em que Jesus revela a essência de Deus e a mais profunda essência humana.

Quando o veem crucificado, eles não o entendem, porque Deus se revela em toda a sua extensão. Os discípulos ficam deslumbrados com a Teofania, fogem, espalham-se, traem. É o momento em que os ídolos, as imagens de Deus e as imagens do homem desmoronam: as ilusões desmoronam, a decepção nasce, o significado do dia não é compreendido.

Depois, há o dia em que eles não o veem, em que Jesus está no túmulo, longe da vista deles. Jesus conhece o destino humano comum. É o momento em que a luz alcança as profundezas, a escuridão.
Na cruz, Deus se deu totalmente; no sepulcro, Deus se dá a todos: o sepulcro é o ponto de encontro do passado (Patriarcas, Profetas...), e do futuro. O Santo Sepulcro é o lugar da salvação universal e lá eles (os discípulos) não a veem e experimentam a angústia de perdê-Lo.

Os discípulos têm de enfrentar esses dois curtos períodos. São esses tempos curtos que todos nós temos de enfrentar, o tempo da provação, o tempo do silêncio de Deus, o tempo da busca de significado. E então vem o terceiro tempo, que é o fruto desses dois tempos curtos e ocorre no dia do Senhor, no dia sem fim que ocorre quando o dom do Espírito faz com que a pessoa compreenda o significado de sua partida.

A vida cristã é entrar no mistério da Sexta-feira Santa e do Sábado Santo, quando nós, cristãos, entramos no mistério desses tempos curtos, que duram o sopro da vida, e já estamos na manhã de Páscoa.