No gesto da Coleta de Alimentos deste ano em Brasília, realizado dia 11 de novembro junto com outras 55 cidades de todo o Brasil, tivemos desafios importantes, o que exigiu mais da nossa liberdade em se deixar provocar e mudar o olhar, para aprender uma forma nova de estar diante do imprevisto.

Uma novidade muito positiva desse ano foi ver pessoas novas, que participaram da festa "Esquenta da Coleta", que também foram ao mercado como voluntárias no Dia da Coleta. Dois personagens animaram alguns mercados: Aladim e a palhaça Chicória.

Para mim, pessoalmente, aprendi muito acompanhando os amigos de outras cidades: aprendi a ser mais paciente, a esperar o tempo do outro, a rezar por essas pessoas; e também me impressionou muito ver aqueles que se deixaram acompanhar, de uma forma tão simples e aberta, sem nem mesmo me conhecer.

Como em todos os anos, as crianças chamam muito a atenção de quem chega ao mercado. Em um mercado que arrecadou quase uma tonelada de alimentos e uma coordenadora me disse que se não fossem as crianças, não teriam arrecado tanto, pois no ano passado, arrecadaram pouco mais de 500 quilos (sem as crianças).

Desde 2014, nós convidamos as instituições que recebem os alimentos para enviar voluntários para os mercados no Dia da Coleta. Uma dessas instituições, que trabalha com jovens, enviou três pessoas para nos ajudar. Elas estavam em um mercado trabalhando e eu precisei levá-las pra outro, onde estava faltando voluntários. Nesse percurso, uma delas me disse: "Só foi possível começar o nosso projeto no ano passado, porque recebemos os alimentos da Coleta de vocês. Sem essa doação seria impossível, porque os jovens ficam em tempo integral no projeto e precisamos servir refeições. Somos agradecidos".

Em um mercado, entraram os pais com o filho, que foram abordados. Ao final, a criança veio, empurrando um carrinho, com muitos alimentos. Alguém perguntou: "Qual é o alimento que você vai nos doar?” E ele, sorrindo: "Todos!". Enquanto isso, os pais, um pouco afastados, olhavam o filho, também com um sorriso de satisfação; e agradeceram.

São fatos assim, tão simples, sobretudo no encontro com tantas pessoas, que fazem a gente desejar ainda mais se envolver com a proposta da Coleta. Obrigada pela companhia de vocês nessa bela aventura.

Ângela Maria Rocha, Brasília (DF)