Álvaro durante o Fórum Nacional da CdO

Fórum CdO. A riqueza de se abrir ao outro

O caminho para sair da zona de conforto, que isola e tranquiliza, até chegar a um olhar que se abre e aprende com o outro. No Fórum da CdO, Álvaro conta que «ninguém conseguia mais analisar o seu subtema sem mencionar os comentários ou ideias dos demais»

Quando fui convidado para participar da mesa de abertura do Fórum Nacional da CdO, achei que seria “tranquilo”. O tema foi “A Economia, a Inovação Tecnológica e seus impactos no mundo do trabalho”, e, como tenho trabalhado na área, pensei que seria algo fácil de realizar. Aceitei, portanto, com essa expectativa.

Em princípio, eu não teria que investir muito tempo na “minha preparação”, especialmente porque eu teria três especialistas na mesa. Começamos a preparação um mês antes da realização do Fórum. Logo comecei a perceber que eu teria que me preparar melhor. O trabalho não seria tão fácil… As provocações do coordenador geral, Fabiano Molina, eram sempre no sentido de que deveríamos abrir os olhos e nos pormos na perspectiva dos empresários e trabalhadores que vivenciam na pele este momento dramático da crise pandêmica e econômica.

Desta forma, os temas da crise econômica, da inovação tecnológica e dos impactos no mundo do trabalho se ampliaram para a perspectiva mais abrangente e, portanto, mais verdadeira, de que aquilo que realmente me constrói a cada dia é um desejo de vida plena. E aí surgiram, obviamente, questões sobre “como eu me coloco diante de tudo isto”? Como posso ser protagonista no “pequeno” espaço que tenho no mundo empresarial ou do trabalho? Muitas vezes precisamos de uma boa provocação para nos mexermos, para avançarmos. Comecei a perceber que eu tinha que trabalhar mais e entender mais toda a dimensão do Fórum e “ver” a perspectiva do outro (no caso dos organizadores do evento). É muito mais rico quando nosso trabalho se junta ao dos demais, quando o ponto de vista do outro também se agrega ao meu. Lembrei-me do lindo Concerto para Violino e Orquestra do Beethoven, no qual em alguns movimentos o violino realiza solos fenomenais, mas no final, quando ele se junta harmonicamente ao resto da orquestra, a consumação do trabalho, a beleza, é excepcional, totalmente realizada.

A evolução da preparação foi interessante, porque quando começamos com os três especialistas que participaram da mesa, Felipe Mecchi, Carlos Crestana e Reinaldo Faissal, a minha primeira impressão – que não foi relatada ao resto do grupo — foi de que o resultado do nosso debate não tinha a menor chance de dar certo… Eu não conhecia nenhum dos participantes e parecia que eles também não se conheciam. Os temas, em princípio, poderiam ser analisados de forma totalmente desarticulada, separada do resto. Tivemos várias reuniões, individualmente com cada um deles e com o grupo todo. E a cada reunião, começamos a voltar às questões básicas, à motivação inicial: “Aonde é que queremos chegar mesmo? Por que estamos preparando esta mesa? Qual é a minha experiência pessoal nisto que estou tratando?” Compartilhamos, entre nós, materiais e artigos sobre o assunto. Nos ajudamos a entender melhor aquilo do qual, a princípio, pensamos que cada um era o maior especialista… Aos poucos fomos capazes de fazer as inter-relações entre os grandes temas.

Os vídeos de alguns dos encontros do Fórum

Foi tão interessante que, na última reunião, nos demos conta de que ninguém conseguia mais analisar o seu subtema sem mencionar os comentários ou ideias dos demais. Ao final me senti imensamente grato em ter tido a experiência de estar aberto à provocação e me empenhar ao máximo para que a mesa cumprisse o seu objetivo. Também percebi que, participando, aprendi muito mais do que eu sabia, utilizei melhor (com mais sentido) o meu tempo. E isto me ajudou a estar ainda mais ligado às outras atividades do Fórum que complementaram e detalharam de forma harmoniosa nosso debate.

Álvaro Manoel, Washington (DC)