Férias. Uma medida que não é nossa

Em novembro, a comunidade de Belo Horizonte promoveu um momento de férias para os adultos e suas famílias. A seguir, Marcelo relata o que viu naqueles dias

As férias em Barbacena foram um momento recheado de muitas “desmedidas”. Um encontro com as mesmas pessoas, com o mesmo modus operandi de sempre, afinal é assim que somos educados a fazer na companhia do Movimento Comunhão e Libertação. Mas «Deus é essa medida que não é nossa», como nos disse Davide Prosperi nos Exercícios da Fraternidade. Assim, tivemos em novembro passado um encontro recheado de belíssimos testemunhos de pessoas que vemos constantemente e que se abrem ao acaso, ao momento, ao deleite de poder viver ao lado de quem está vivendo cada segundo para a glória de Cristo. Dias em que pudemos experimentar que a esperança está ancorada no além e nos puxa para o destino, para a plenitude até a qual não conseguiríamos chegar sozinhos.

Foi assim que chegamos e saímos desta aventura de se re-conhecer, de esperar algo re-acontecer em cada ação proposta nas férias: as missas, as músicas, a caminhada, brincadeiras e tempo livre. Vimos pessoas que chegaram por último com suas histórias carregadas de esperança, de tantos momentos que poderiam ser deixados lá atrás sem que ninguém precisasse saber. Mas, ao contrário, a esperança dessas pessoas está onde a nossa medida humana não consegue chegar. É bonito saber que a vida não foi um mar de rosas, existe a caminhada, a dor, a fé, a esperança e a vitória. Esses testemunhos são a prova de que Deus está aqui agora! Relatos de que a esperança salva é o que move estas pessoas a comunicar aquilo que viveram e vivem.

O hotel que nos acolheu não tinha nada de extraordinário e nos convidava a viver a simplicidade. Ana Maria e Raquel nos abrilhantaram com a experiência da casa de acolhida de mulheres em Brasília. A nossa caminhada, tradicional, nos levou à Igreja de São Miguel Arcanjo, uma igreja belíssima que remonta às igrejas tradicionais europeias, construída a partir de um desejo de conhecer e encontrar os menos favorecidos. Conhecemos o idealizador do projeto, Marco Roberto Bertolli, um homem que largou tudo na Itália e veio ao Brasil, onde construiu um local de abrigo e repouso, de oração e trabalho, que assiste 600 pessoas em situação de vulnerabilidade. E tudo começou com um desejo de conhecer e acolher a realidade. Parece com os nossos amigos Rose, Rosa, Pigi, Gigio, Virgílio… Dom Gius. Tanto amor e empenho pelo outro que chega a nos deixar maravilhados e desconcertados com tamanha disponibilidade.

Um outro ponto que nos chamou a atenção foi ver nossos jovens aderindo às propostas sem medidas, simplesmente se jogando na realidade com o desejo alargado de conhecer tudo, viver tudo e cada segundo intensamente. Os testemunhos nos deram a exata dimensão do que é viver intensamente o real. Viviane nos disse: «Viemos aqui para fazer as mesmas coisas de sempre, e mesmo sabendo como tudo acontece, algo novo sempre acontece». E esse “re-acontecer” é o motivo pelo qual valeu a pena cada segundo dessas férias, de estar dentro de uma companhia de amigos que nos abre ao que interessa na vida.

Marcelo Rocha, Belo Horizonte (MG)