Talvez o tema que mais foi abordado seja a pergunta sobre o juízo comum, sobre como acontece o juízo comum.

Por que é necessário que haja um juízo? Um juízo é necessário porque ele assinala o caminho, ele conduz. Mas há, então, algo que vem antes do juízo: o amor e a vontade de percorrer o caminho. Isso não é algo banal, pois, na medida em que a pessoa não ama o caminho acima de tudo, o juízo então se torna algo com a que ela não se importa, ou então uma expressão do amor próprio, uma procura do amor próprio.

Ora, qual é o nosso caminho? O Senhor disse: “Eu sou o caminho”. O caminho é o aprofundar-se do nosso relacionamento com o Senhor, portanto é o aprofundamento da memória, que deve investir e determinar toda a vida. É o sentimento que São Paulo exprime no final do oitavo capítulo da Carta aos Romanos.

Por isso, antes de poder avaliar a palavra “juízo” e de poder tentar definir como ela nasce, ou como pode nascer, nós temos de prestar atenção ao ponto do qual partimos, isto é, se partimos ou não de dentro dessa procura de Cristo, dessa memória de Cristo, pois ela é frágil, considerada óbvia, habitual, quer dizer, estranha ao mecanismo com que nós procuramos o juízo.

Podemos usar uma palavra que ultimamente entrou um pouco em voga entre nós graças à Escola de Comunidade deste ano (Luigi Giussani, “Moralidade: memória e desejo”. In: Em busca do rosto do homem, São Paulo: Cia. Ilimitada, 1996), ou seja, a palavra “pertencer”. Um juízo brota da consciência de pertencer, é condicionado pela consciência de pertencer. A quem pertenço? A quem pertencemos? O juízo nasce sempre de como nós respondemos e vivemos a resposta a essa pergunta. Com efeito, se você está em caminho, pertence à estrada, ao caminho que é Cristo; se você está em caminho rumo ao seu Destino, pertence à estrada que é Cristo…