Uma das escunas durante o passeio

Uma experiência de superabundância

Em Angra dos Reis, entre crianças e gente de toda parte, entre jogos, cantos e um lugar esplêndido, a possibilidade concreta de experimentar uma alegria que “muda o mundo”, capaz de acolher a todos e “viver como o ressuscitado”
Fernanda Lanza

“O caminho para a verdade é uma experiência”. As férias de julho de CL, em Angra dos Reis, foi a possibilidade de viver essas palavras de Dom Giussani. Éramos um grupo de quase 300 pessoas, das quais 90 eram crianças. Famílias vindas do Rio de Janeiro e de São Paulo, e também amigos de outras partes, como Minas Gerais, e até Coreia e Estados Unidos.

Dias lindos e ensolarados e um lugar maravilhoso, à beira-mar. Passeio de barco, brincadeiras na areia, cantos, poesia e um show de talentos para ficar na história. Tudo para fazer vibrar em cada um de nós uma alegria extraordinária. A “bomba atômica”, como nos provocou Bracco, a nossa “bomba atômica”, que acontece no mais íntimo de nós e é capaz de mudar o mundo.

A ordem, a companhia, a beleza, as brincadeiras e até a rivalidade das equipes foram uma expressão de vida. Aqueles quatro dias nos indicam um caminho, uma possibilidade de que a rotina seja invadida por esta alegria transbordante. “Livres na dor e não da dor”, nos dizia Bracco na assembleia final. E ali éramos muitos, que carregavam seus próprios dramas e feridas. E ainda assim refletiam no olhar uma esperança incomum.

“Eu fui acolhida do jeito que Deus queria que eu estivesse naquele momento [das férias] e para mim isso foi um acontecimento. Este é um lugar onde eu sou amada do jeito que eu sou e onde nenhuma circunstância é um limite para que eu possa viver algo bonito”, nos contou uma amiga que foi para as férias após receber um diagnóstico sobre um problema de saúde do filho.

“Quanto mais o tempo passa, mais evidente fica o quanto tudo está unido, tudo... e como o desejo de unidade que eu tenho pode ser respondido”, falava Silvia sobre as dificuldades do trabalho diante dos momentos das férias. “O que dominava era realmente o desejo de estar com Jesus, ficar em tudo e diante de tudo”.

Para Daniela, que estava ali pela primeira vez, o que se evidenciou foi a familiaridade que nasce entre nós. “Eu não conhecia ninguém e estava muito à vontade. Todos são amigos e estão abertos”.



Um ponto que chama sempre a atenção de todos é a alegria e a liberdade das crianças. São capazes de acolher as diferenças e cuidam umas das outras, vivendo intensamente o que lhes é dado, ou seja, cada instante. Parecem muito seguras e não têm restrições ao seguir os adultos, se deixam mover por essa “autoridade” e assim são mais livres.

“Chamou minha atenção a forma como as famílias se ajudam. Muitos de nós estão vivendo essa mesma fase: trabalho, filhos pequenos. E, mesmo assim, todos se ajudam, tanto fazendo companhia, como correndo atrás dos filhos dos outros, de uma forma muito natural”, dizia Raísa, que foi às férias com o marido e seu bebê João, de 2 meses.

E assim se estabelece uma certa ordem diante do caos que pode ser umas férias com 300 pessoas de idades que vão do zero aos 80 anos e, às vezes, mais. Quando nos damos conta, estamos todos rindo com Freddy Mercury cover e nos comovendo com as palavras de Guimarães Rosa, nos ditas tão docilmente por Cecília e Marcela.

Como nos disse o Papa Francisco, e bem nos lembrou Bracco nestes dias, “De nada aproveita saber que o ressuscitado está vivo se não se vive como o ressuscitado”. O que testemunhei foram homens, mulheres e crianças transformados por esta Presença inegável e acolhida em seus corações. Uma superabundância que reflete a experiência da ressurreição que acontece dentro de cada um de nós.