O Meeting Point em Uganda

Conheça um pouco da história da organização dirigida por Rose Busingye (de Passos n.97, Setembro 2008)

Mais de 10% da população ugandense tem Aids, o que legou ao país mais de um milhão de órfãos. A população é paupérrima e os conflitos armados mantêm a população há anos num estado de insegurança.
Nesse contexto, Rose Busingye é responsável pelo Meeting Point de Kampala, uma pequena organização não-governamental nascida em 1990. Um grupo de italianos da Fundação AVSI ajudou seus amigos ugandenses a responder ao problema da Aids, que atingira suas famílias e seus amigos mais queridos, com o objetivo de não deixá-los sós diante da doença e da morte. “Hoje, o combate à Aids está na moda. Todos fazem projetos para ajudar os doentes, para defender os direitos humanos, para derrotar a doença. Mas a pessoa fica reduzida à sua doença. Chega alguém com Aids e a tendência é cuidar da doença dela. Nós, antes de mais nada, olhamos para a pessoa que tem a doença”, explica Rose, para destacar que tudo aquilo que faz é obra de um Outro.

Quem pode, vai com suas próprias pernas; caso contrário, são as pessoas do Meeting Point que vão procurar os doentes até nos recantos mais esquecidos, nos bairros pobres e insalubres, onde a cada dia a Aids faz novas vítimas.
O Meeting Point age nos subúrbios de Kampala, em Kitgum e Hoima, na parte ocidental do país, encontrando doentes, viúvas, crianças e órfãos, oferecendo apoio psicológico a jovens e famílias, ensinando normas de educação sanitária e sexual, tratando pacientes em domicílio e levando cuidados e remédios àqueles que não podem se internar por motivos econômicos ou pelo adiantado estágio da doença. Na sede do Meeting Point organizam-se cantos e danças diante da casa dos órfãos. São a expressão de uma contagiante vontade de viver. As danças vêm de todas as tribos ugandenses: Baganda, Bunyoro, Acholi. A atividade teatral e de dança é instrumento recreativo e de socialização, ajuda a tomar consciência do problema, gera renda, pois o grupo é cada vez mais frequentemente convidado a participar de manifestações e encontros públicos.

As histórias do Meeting Point são belas e comoventes. Certa vez, alguns amigos italianos levaram Rose para ver a beleza de um pôr-do-sol. Ela pensou: “isso também é para minhas amigas do Meeting Point”. Assim, agora organiza passeios para levá-las para ver o pôr-do-sol!”
Quando o furacão Katrina varreu a Louisiana, nos EUA, em 2005, Rose pediu às mulheres que rezassem pelas pessoas que ficaram sem casa e sem família. Elas, para sobreviver, quebram pedras grandes para empresas rodoviárias e da construção civil. Uma mulher se aproximou e lhe disse: “Quando você me encontrou, não rezou. Eu também quero ter amado alguém antes de morrer. Não quero que um dia qualquer alguém que encontre os meus filhos, reze e pronto”. Assim, elas trabalharam mais tempo e arrecadaram US$ 1, 2 mil para ajudar os desabrigados norte-americanos!