A vitória de Cristo em nós
Após um tempo de caminho, a surpresa por descobrir-se totalmente mudado. E o reconhecimento de que não pode ser obra suaNos últimos tempos, descobri a Revista Passos. Estou no Movimento há sete anos e não havia me dado conta da riqueza das coisas que nos são propostas. Recentemente, um artigo sobre o presidente da França, Emmanuel Macron, me marcou. Macron disse uma coisa com a qual eu concordo plenamente: nós, os cristãos, temos um modo pensar que está em outro nível. Conto um fato da minha história pessoal no qual verifiquei uma mudança de pensamento radical. Tempos atrás eu pensava que o aborto poderia ser uma coisa positiva. De fato, muitas mulheres morrem em clínicas clandestinas. Eu pensava que tudo se tratava de uma questão de saúde pública. Há até outros argumentos favoráveis ao aborto. No entanto, como disse o presidente francês, o nosso pensamento está em outro nível, bem mais profundo. Eu comecei a entender que existe um Outro, que define o meu relacionamento com tudo. Desse modo, a ideia de matar uma vida começou a me parecer uma ideia absurda. Tentando me aprofundar na questão, vi um filme feminista. As feministas são favoráveis ao aborto. O filme, intitulado Corpo Manifesto, apregoa o aborto. Aquilo parecia um filme de terror. Mulheres defendendo abertamente a morte, fazendo manifestações em prol da morte. Mas, no meio disso tudo, o que mais me espantou foi a minha experiência pessoal de mudar radicalmente de ideia. Como era possível? Eu me fiz essa pergunta. Como é possível que eu possa mudar de ideia? Meus pais e irmãos, ou seja, a minha tradição, a minha educação, a minha origem dizem uma coisa. Já eu, em sentido diametralmente oposto, passei a caminhar em outro sentido. Hoje entendo que não é só porque sou pai de dois filhos que mudei de ideia sobre o valor da vida. Uma mudança radical como essa, capaz de mudar o próprio DNA, não poderia ter decorrido apenas de uma nova posição filosófica, não poderia advir do meu raciocínio sobre as coisas. Como disse o Papa Francisco, nós, católicos, podemos passar do domínio do mundo para o domínio da graça. Só Ele é capaz de nos modificar. Não é uma vitória nossa, mas uma vitória d’Ele em nós.
Leonardo, Rio de Janeiro (RJ)