Férias dos Colegiais. Aventuras e histórias para toda a vida

Alguns jovens nos contam sobre o que viveram nas férias dos Colegiais realizadas em julho. E o que significa o encontro com uma vida que desafia a vida, e o tempo
Maria Inês Damasceno

Férias nacionais dos Colegiais... um Acontecimento. Eram 130 adolescentes de todo o Brasil. Um desejo enorme de reencontrar os que já eram amigos e uma grande curiosidade para ver como seriam os quatro dias que passaríamos em Ibitipoca, MG.
Os preparativos para esse encontro começaram diferente este ano. Desde fevereiro, Bracco (responsável nacional de Comunhão e Libertação) e Sêmea (responsável nacional do grupo de Colegiais de CL) percorreram algumas comunidades e encontraram os meninos para momentos de “Jornadas”: jogar, brincar e falar daquilo que mais os marcava naquele momento das suas vidas. As Jornadas serviram como uma preparação para o que seriam as Férias Nacionais. E assim foi que de 18 a 21 de julho o tão esperado gesto se deu.

Nos dias que antecederam aos de Ibitipoca, Luiza, de Petrópolis, fez o seguinte comentário: “Se a convivência que foi apenas um dia foi sensacional, fico tentando imaginar o que serão quatro dias juntos, 24 horas do dia, vivendo intensamente!”. E foi com tamanho desejo e curiosidade de nos encontramos num hotel que fica no Parque Estadual de Ibitipoca.
E foram dias incríveis: fizemos a trilha do Parque, mais ou menos 10 km entre subida e descida. Lá em cima, com uma visão de 360° dos Mares de Minas, celebramos uma missa e até os guias e o pessoal do parque participaram. Músicas e alegria marcaram esse momento.

No mesmo dia, fizemos uma festa junina com quadrilha, comidas típicas, muita música e diversão. O sábado foi marcado pelos jogos e brincadeiras que envolveram a todos. Mesmo os que não puderam participar jogando contribuíram de alguma maneira e ninguém ficou de fora. As equipes se empenharam, mas foi a Verde quem mostrou maior destaque vencendo com louvor! E o prêmio foi compartilhado entre as quatro equipes. Valeu, Verde!
À tardinha, Alexandre André, nosso amigo médico de São Paulo, contou-nos um pouco da sua história, desde a época da faculdade, quando encontrou o Movimento, até os dias de hoje. Foi um momento marcante.
No jantar, quanta coisa gostosa da cozinha mineira... À noite, junto com Bracco os meninos contaram sobre sua experiência naqueles dias e como responderam à provocação feita: “O que pode resistir ao impacto da passagem do tempo?”. Dias lindos e cheios de aventuras e histórias para toda a vida.

A seguir, relatos que recebemos de alguns colegiais após participarem das férias nacionais.

«Participar das férias dos Colegiais é muito decisivo para mim, pois sempre que vou saio de uma forma diferente de como cheguei, com lembranças, amigos novos, reencontros, e isso tudo carrega um Mistério que enche meu coração, mesmo que às vezes eu não perceba isso enquanto estou lá. As férias em Ibitipoca foram perfeitas. Aproximei-me de pessoas que nem imaginava, reencontrei amigos que não via há tempos, fiz amigos novos... Uma coisa que me marcou muito, e que provavelmente não irei esquecer nunca mais, foi acordar às 5h30 num sábado muito frio para assistir ao nascer do sol com alguns amigos: não conseguimos ver nada além de nuvens, porém vimos o dia clarear, então sabíamos que o sol estava lá. Uma amiga disse que era como Cristo: não O vemos, mas sabemos que Ele está presente. Outra coisa que marca muito não só nas férias, mas em todos os gestos do Movimento, é a amizade que temos, parece coisa de outro mundo e de uma coisa estou certo: em nenhum outro lugar encontrei pessoas como encontro no Movimento, pessoas que me acolhem como sou, com minhas perguntas que não consigo responder sozinho, pessoas que olham para mim como realmente sou sem nenhum interesse, a não ser nesta companhia. Por isso, continuo ligado ao Movimento e participando dos gestos dos Colegiais com 200% de mim, pois em nenhum outro lugar fui acolhido assim, me senti querido assim, eu verdadeiramente, sem nenhuma máscara».
Jean, Belo Horizonte (MG)

«Alguns meses antes das férias, eu e os meus amigos da comunidade de Salvador estávamos fazendo diversos gestos para arrecadar dinheiro para ir às férias em Ibitipoca. Todos os dias eu me perguntava: “Para que eu estou fazendo isso? Eu quero mesmo ir ou quero apenas seguir meus pais?”. Nas férias de Campos do Jordão, em 2017, eu me senti muito deslocada, não falava com ninguém e fiz poucos amigos e isso de certa forma me desanimou bastante, mesmo tendo os meus amigos de Salvador. Já nas férias de Brasília, em 2018, eu consegui me socializar mais, mas eu ainda não sentia aquela campainha incrível de pessoas diferentes e que estão totalmente fora da minha realidade. Então assim que cheguei já veio a surpresa de que eu ficaria com outras duas pessoas no quarto, pessoas incríveis e que em dois dias eu já considerava muito. Depois outras pessoas se juntaram ao nosso grupo e eu fui conhecendo mais e mais gente. Teve uma noite que estávamos todos juntos no chalé e eu parei um instante, olhei para aquelas pessoas rindo e brincando ao meu lado eu fiquei pensado: “Nossa, eu nunca imaginei que isso poderia acontecer”, e agradeci muito aquele momento com os meus amigos e com os meus novos amigos. Eu construí nessas férias muitas memórias incríveis que eu quero levar para o resto da minha vida. Respondendo à pergunta deste ano, eu acho que “o que resiste ao impacto da passagem do tempo” são as nossas lembranças que vão ficar conosco o resto da nossa vida».
Letícia, Salvador (BA)



«Nestas férias dos Colegiais o que eu mais apreciei foi a companhia e o silêncio. Ao deixar meus amigos no Peru, vir para o Brasil foi uma experiência difícil. Isso me fez perceber que, infelizmente, a amizade não resiste à passagem do tempo. Mas nessas férias eu conheci pessoas maravilhosas e me reencontrei com amigos da minha infância. A companhia de pessoas que foram nesse encontro pela mesma razão que eu fui, é simplesmente incrível. A caminhada foi um grande desafio e foi um sacrifício lindo. Enquanto caminhávamos estávamos em silêncio, e esse silêncio foi maravilhoso para fazer a pergunta que aprendi na companhia dos amigos de CL: “Por quê?”. Este questionamento me fez perceber mistérios e presentes de Deus que eu antes não tinha percebido. Me fez agradecer esta incrível oportunidade de prestar atenção à minha própria vida, de perceber que as coisas que acontecem têm uma razão».
Almendra, Salvador (BA)

«Diante de alguns acontecimentos, dias antes das férias, me vi muito desanimada. Eu não era próxima de ninguém que iria a Ibitipoca e os meus amigos já estão no CLU (o grupo de universitários). Então, chegando lá, nos primeiros momentos, me vi sozinha e com o pensamento de que não deveria estar ali. Na subida ao Parque Estadual de Ibitipoca, pela primeira vez fiz toda a caminhada em silêncio, às vezes me incomodava, já que todos ali tinham alguém com quem conversar, mas sentia que me fazia bem porque era o meu momento comigo mesma. Porém, na volta, conversando com a Sêmea, ela me disse: “É o seu encontro pessoal com Cristo”. Muitas vezes já tinha escutado isso, mas agora percebo que não entendia o real sentido do “pessoal”, ou seja, eu e Ele. Eu e Ele, não dependia de ninguém! Nem dos meus amigos de Brasília ou dos outros estados, dependia de mim! Da minha escolha de me encontrar com Ele. E ali, quando entramos no ônibus para voltar ao hotel, eu dei o meu sim, e me lancei nesse encontro, decidi conversar com pessoas que eu nem tinha percebido, falei com quem tinha vontade e apostei na amizade dessas pessoas, porque no fundo eu sabia que era ali que eu O encontraria».
Duda, Brasília (DF)

«Eu fui às minhas primeiras férias dos Colegiais este ano. Alguns dias antes, estava muito animada, me sentia feliz por algo que eu não sabia o que era, como se já estivesse lá. Quando entrei na van de Belo Horizonte, Brasília e São João del-Rei que nos levaria até Ibitipoca, e olhei para cada um dos meus amigos que lá estavam, com o mesmo olhar, com o mesmo brilho nos olhos... Sabia que estava indo para o lugar certo, sabia que estava indo não só para as férias, mas para uma experiência inesquecível. E assim fui cantando e brincando durante toda a viagem, pensando sobre como seria, quem eu conheceria, o que iria acontecer naquele mistério que me esperava. Depois de uma longa viagem, chegamos ao hotel. A minha primeira reação foi: “Uau! que tanto de gente que veio nos receber!”. Foi incrível, pois eu não conhecia nem metade dos adolescentes que estavam lá, mas muitos foram até mim, me cumprimentaram e perguntaram qual era meu nome, minha idade, se eu conhecia alguém e de onde era. Me surpreendi com a receptividade dessas pessoas, desses companheiros até então desconhecidos. Neste mesmo momento, por incrível que pareça, mesmo com todo o frio que fazia, estava de short e casaco, não sentindo nada, por causa de toda a adrenalina que estava circulando em mim, toda a minha surpresa, toda a minha felicidade. Não sentia o frio que estava fazendo porque me sentia abraçada e aquecida por todos aqueles que lá estavam, com seus olhares misteriosos que me envolviam em um grande abraço. Tanto que o Moisés de Salvador, de quem eu fiquei muita amiga, me perguntou surpreso se eu não sentia frio, e eu não sentia! Eu sempre fui uma pessoa muito difícil para coisas sérias, que exigem concentração ou ligadas à religião, como missas e as próprias Laudes que fizemos no segundo dia. Mas, durante estas férias, me senti atraída por algo que não conhecia, um mistério que estava na minha cabeça e me fazia pensar de onde que havia saído toda aquela vontade de participar do que estava sendo proposto naqueles dias, inclusive as próprias missas que eu tanto tento escapar quando estou em casa. No último dia, algo me chamou a atenção. Durante a missa, estava em pé observando as pessoas comungarem e esperando a minha vez. A cada uma que passava, eu tentava pensar em um motivo para ela estar lá, mas teve uma hora, quando passou uma amiga de São Paulo, depois uma de Floripa e logo em seguida algumas de Salvador, que percebi que carregava um pedacinho de cada uma daquelas pessoas, como se elas cada vez mais fizessem parte de mim, do que eu sou, da minha personalidade. Eu estava ali por causa de uma atração que sinto por algo Invisível e percebo que é algo grande, que me esperava».
Cecília, Belo Horizonte (MG)

«As férias em Ibitipoca foram para mim umas das coisas mais interessantes que eu já vivi. Conheci pessoas novas, aprendi coisas que irei levar para a minha vida toda e principalmente, me aproximei mais de Deus. Vi que não preciso fazer coisas que não me agradam só para ficar bem com as pessoas nos lugares em que frequento. Ali, nas férias, reaprendi, pois relembrei (da convivência aqui em Petrópolis) que posso ser eu mesma, sem máscara, levar a sério as coisas que gosto, sem disfarce. Eu pensei muito na pergunta que nos foi proposta para refletir: “O que resiste ao impacto da passagem do tempo?”, e fiquei olhando o pôr do sol de um varandão que tem no hotel. Vendo aquela linda paisagem, uma cadeia de montanhas na minha frente, tive certeza de como Deus é perfeito. Ele nos colocou ali, naquele lugar, para contemplar aquela beleza, aqueles amigos, e aprender a viver melhor, na companhia d’Ele. E pensei que o que resiste ao impacto da passagem do tempo é a lembrança de tudo aquilo que vivi. E Deus também resiste ao impacto da passagem do tempo, pois Ele pensou e cuidou de tudo aquilo para mim. Eu quero muito viver esta nova experiência nas coisas do meu dia a dia. Espero que as férias do ano que vem sejam tão magníficas quanto essas».
Geovanna, Petrópolis (RJ)

«Eu fui às férias para saber o porquê todo mundo falava tão bem, ou porque minha irmã ia e gostava muito. Eu cheguei e fui à caminhada, até aí nem era tudo aquilo que eu imaginava porém, quando chegamos à cruz eu vi a beleza das férias, é algo que te prende e te faz pensar só naquilo, eu dormia feliz e acordava querendo mais pois acho que encontrei algo naquele lugar».
Felipe, Brasília (DF)

«Assim como no dia 23 de fevereiro de 2019, esse encontro de Colegiais me fez sentir livre. Conheci pessoas incríveis que me fizeram sentir acolhida, me senti em família estando ao lado de 130 pessoas “desconhecidas”, mas as perguntas, a busca por suas respostas e o mesmo desejo de se aproximar de Deus nos uniu. Saí com o sentimento de gratidão por tudo que Deus me proporcionou na viagem e proporciona no dia a dia e com desejo de mais».
Kathlleen, Petrópolis (RJ)

«Para nós, o encontro começou muito antes das férias, para falar a verdade. O processo de preparação para ida foi incrível. Fizemos bazar, vendemos muitas rifas, paramos na rua para cantar, tudo isso para ganhar uma ajuda para nossa grande ida. Além de tudo isso para nos ajudar com o custo nossos encontros no Sentido da Vida foram bem focados em preparação para as grandes férias. Fomos todos com grande expectativa e chegando em Ibitipoca nos surpreendemos com o que aconteceu por lá. Conhecemos outras pessoas, fizemos amizades, criamos laços com o Movimento. Foram 4 dias de grandes emoções! Deu para chorar, rir, comemorar, refletir e tudo isso me tornou uma pessoa melhor».
Thays, Petrópolis (RJ)

«Estou no terceiro ano do ensino médio e conheço o Movimento há mais ou menos um ano e pouquinho. Bom, eu fiquei sabendo das férias dos Colegiais quando estava preparando junto com outras meninas uma convivência em Pedro do Rio. De primeira eu não coloquei muita fé de que eu ia às férias, mas depois, nos encontros na escola, a Suellen falava do lugar com tanto embelezamento e dizia que seriam nossas últimas férias como Colegiais, e eu senti muita vontade de ir. Estávamos passando por um momento difícil lá em casa, mas recebi ajuda de pessoas maravilhosas que me ajudaram a ir para essa viagem que eu tanto queria. Quando eu cheguei em Ibitipoca eu estava muito animada para conhecer o lugar, e onde íamos ficar. E eu gostei muito. Mas, depois que eu conheci o lugar e sabia onde era nosso chalé, foi como se eu fosse perdendo o gás... eu me perguntei se era realmente pra eu estar ali e fui dormir um pouco angustiada com essa pergunta. No outro dia, eu estava um pouco desanimada com a trilha, subindo eu pensava muito na pergunta: “O que resiste ao impacto da passagem do tempo?”. E quando chegamos naquela Cruz enorme, eu percebi que a resposta é Ele. E ao continuar subindo e vendo aquelas paisagens e aquelas montanhas, fez com que Ele se tornasse cada vez mais apaixonante e mais interessante, e foi muito bom chegar lá em cima e ter aquela visão ampla de tudo, as montanhas, os matinhos, o céu, o sol. E eu achei aquilo tudo tão lindo, e eu me senti muito grata por estar naquele lugar, e percebi que era ali que eu devia estar... pra ver tudo aquilo. E depois teve o arraial, já tinha um tempo que eu não dançava em festa junina, eu fiquei muito animada com tudo aquilo, pra se arrumar, fazer pintinhas no rosto, comer comida típica. E depois teve a resenha lá no chalé, tinha um tempo que eu não parava pra escutar música, jogar conversa fora com as pessoas, e isso me fez bem e eu gostei muito. No sábado, um moço me disse que não era pra deixar que as coisas determinasse o meu dia, porque eu tinha acabado de levar uma bronca, e eu estava com um bicão e com a cara amarrada. E isso que ele me disse me marcou muito. Porque eu sempre fui a encontros de Igreja, participo de grupo de jovens e tal, e nessas férias era tudo livre e eu me senti um pouco “isolada”. E depois eu conversei com a Suellen, e isso me ajudou muito. E teve a palestra do Alexandre, que me tocou bastante, pois algumas coisas que ele dizia refletiam um pouco em mim, e quanto mais ele falava mais eu tinha vontade de saber e compreender tudo aquilo que ele dizia. Quando ele ia falando eu tinha um brilho no olhar diferente, eu não sei explicar, só sei que todos que eu conheço do Movimento têm um brilho no olhar. E dá muita vontade de ter isso também. E depois da assembleia com o Bracco eu comecei a pensar muito na minha vocação, e essa experiência que eu tive nas férias me ajudou muito a reorganizar várias gavetinhas que estavam bagunçadas dentro de mim. E depois de tudo, o sentimento que eu tive é a gratidão. Eu estava grata por estar na companhia das melhores pessoas, eu estava grata por acordar e dormir naquele lugar lindo, grata pelas coisas simples, grata por tudo. Eu não vejo a hora de ter outro momento assim de novo. Me faz muito bem tudo isso. E eu estou morrendo de saudades das férias, foi tudo maravilhoso. Obrigada por existirem e, por terem feito parte dessa experiência».
Maria Eduarda, Petrópolis (RJ)