Educação, a lenha e a juventude

A leitura sugerida neste período é o livro Educação, comunicação de si, de Julián Carrón, que aborda de forma corajosa o desafio educacional, apontando novas sendas para um percurso com e para os mais novos, sem preconceitos nem experimentações
Giuseppe Pezzini

Em tempos de ensino à distância, falar da educação dos jovens voltou à moda, e com razão. Mas a educação que preocupa tanto a Julián Carrón, nesse precioso livrinho que veio em boa hora, não é uma questão de geração, como normalmente se apresenta. Já para Giussani, a juventude não era uma questão de idade, mas tem que ver com a “urgência que torna a vida realmente humana”, com o “ímpeto de sermos felizes, de alcançarmos uma plenitude de vida”, necessário em qualquer idade. Educar significa “manter viva, favorecer, despertar constantemente” essa urgência. Isso não se dá com a aplicação ou a divulgação de um pensamento, mas só na comunicação de/com quem já vive essa urgência, numa cadeia pedagógica ininterrupta. Por isso, o verdadeiro educador é quem aceita ser educando, agora, na realidade presente.

Nesse pequeno livro, a palavra realidade é repetida constantemente: tanto como lugar, quanto como conteúdo da educação. A “lenha” que mantém viva a chama da juventude é, de fato, a realidade, tal como é – não como “deveria ser” –, com os seus confinamentos, Zooms e notícias de covid. Somente na realidade, com todos os seus limites, é possível descobrir “a resposta aos nossos problemas, a uma situação complexa como a em que estamos”, pois é aí que “o Senhor está presente”. Por isso, diz Carrón, quem evita olhar de frente para a realidade não pode deixar de cair na confusão. E quando isso acontece a um adulto é terrível, e não há técnica pedagógica que dê conta. Inversamente, quem se deixa educar a viver “a realidade total”, reconhecendo nela a presença de seu significado, não tem medo, não acusa os tempos ruins, não passa o tempo fazendo discursos, medindo os limites dos outros sem, no fundo, nunca “julgar” de verdade. Este amadurece na certeza, aproveita o tempo presente, respeita a liberdade alheia, olha “com simpatia para tudo o que encontra”, “abraça tudo, valoriza tudo, e não lhe escapa nada”. Poderia parecer uma utopia, se não fosse o fato de haver pessoas, educadores (de qualquer idade) que vivem assim, que se deixam educar e portanto educam, comunicando o “próprio modo de se relacionar com o real”. Bastaria segui-las.

Livro: Educação, comunicação de si
Autor: Julián Carrón
Editora Companhia Ilimitada, 2021

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